Os ossos de Kraft:

Rhyon

O ritual havia começado, a magia de Devon circundando e ligando todos ali presentes. Sensações, sentimentos e pensamentos se mesclando numa coisa só. Curiosamente, a mente de Rhyon não era caos e trevas, como seria de esperar. Não, sua mente tinha uma sensação similar a paz de uma noite estrelada; silenciosa e cansada. Mas a sensação de paz deu lugar a um céu fechado... Uma tempestade que não era sua e um arrepio invadiu seu corpo.

Seus dentes rangeram involuntariamente e teve a estranha sensação de estar sendo observado. Então, uma explosão confusa de cores, memórias e emoções! Com muito esforço, levantou o escudo mental se protegendo daquele turbilhão de... Humanidade. Por um instante, Rhyon foi dominado por um medo que não sabia de onde ou por que vinha até ele. Encarou Devon ajoelhado à sua frente.

Mesmo com todo o esforço para se mexer e parar o filho de Tenebras, simplesmente não conseguiu. Por quê? Por que aquilo seria... Algo errado de se fazer?

— Estou ficando louco. — murmurou, sem compreender o sentido daquilo.

Qual o limite da mente humana? É possível separar a razão da emoção? E, se for, é possível reconectá-las?

Depois do que pareceu ser um longo período, finalmente seu corpo pareceu ter o bom senso de voltar a obedecê-lo. Afastou pensamentos e sentimentos intrusos e permitiu que somente o fluxo de energia corresse através de si. Mas Rhyon sabia que estava diferente. Uma coceira crescente atrás do peito lhe dizia que algo havia mudado.

| Melanie Lynch 15y | 1,55 | Golmer - Espadachim |

| Ross | 30 cm | Místico |:

| Mikaella 15y | 1,58 | Golmer - Espadachim |

Lin suspirou fundo, não podia deixar de sentir certo nervosismo. Era a primeira vez que faria um contrato a força, subjugar um ser antigo a suas vontades, deixaria fluir sua magia como correntes selando-o a um destino inevitável.

O mago sorriu internamente, não servia de nada o nervosismo então o substituiu com uma calmaria superficial, pegando o pedaço de trapo e um caquinho de vidro muito duvidoso. ''Espero que não infeccione depois.''

Concluiu indo ficar em seu devido lugar, na frente de Devon. Precisava saber como o ruivinho fazia aquilo, uma união estranha de seres diferentes, os olhos geralmente opacos de Lin brilharam. Era raro mas acontecia, as linhas de energia se mesclado uma as outras, seguindo um único caminho.

Lin considerava isso uma arte, uma maravilha que poucos podia ver, o ar ficou mais pesado e os pensamentos de todos se mesclavam num puro caos, a testa enrugada, a saliva áspera enquanto a garganta secava. Era um formigamento estranho, como se tivessem aranhas em sua boca.

- Uma habilidade interessante que você tem ruivinho. Espero que fique bem depois disso.

E então se preparou pra bestialidade na frente deles, a forma reptiliana antiga com uma transubstanciação agnóstica. Agora era a hora, Lin fechou os olhos se concentrando no vazio, no mais puro vazio enquanto delicadamente suas mãos desenham seu próprio circulo emanando um cor arroxeada no ar, uma escrita invisível.



Suas palavras não passavam de um sussurro interno que somente uma pessoa ali além de si ouviria, o circulo se expandiu brandindo o ser antigo, tomando-o com a energia recebidas de todos e com a sua, formando um vinculo a força, subjugando para si e o trazendo para o seu próprio vazio.

Como um ruído estático uma luz extremamente forte tomou o lugar, tudo e a todos, sentindo e então a energia de Lin começou a se esvair, as estranham se arranhando e puxando-se, a pele clara ficando ainda mais pálida.

Estava feito.

Sarf não estava mais ali, estava sob seu domínio e o que restou ali na enseada foi o silencio com o cheiro da morte ainda no ar. - Agora é meu... - Sua voz se transformou em uma musica e ele riu baixinho, os olhos se fechando lentamente.

O corpo do mago pendeu pra trás, cansado demais pra se manter de pé, cansado demais pra qualquer coisa no momento, Nautica tentou de todo jeito segurar seu mestre, puxando-o para que pelo menos não desse de cara na areia.

Rhyon — ♫

A praia ficou terrivelmente silenciosa e vazia. O dragão estava derrotado, mas de algum modo, não havia vitória alguma ali. Rhyon balançou a cabeça para os ambos os lados. Pela primeira vez em muito tempo, algo maior que o medo psicológico o atingiu. Era muito pequeno a princípio, quase imperceptível, mas lá estava... Aquela nostálgica sensação de que tinha algo a perder.

Não sabia qual parte de si foi responsável por a gerar ou, se de fato, aqueles sentimentos eram seus. Mas sabia estarem ali, escondidos em algum lugar. Talvez enterrados naquele emaranhado de traumas, ódio e repulsa.

Os primeiros raios de Sol tingiram a praia em tons alaranjados, rosas e vermelhos. "Que dramático". Aquela paisagem banhada em sangue era, de fato, digna e triste de ser admirada; o tom carmesim da morte banhando sua luz sobre os corpos estirados ao relento.

A manhã era fria, o vento cortante e úmido do mar castigava sua pele exposta, porém intacta. Os cabelos negros e brancos mexiam-se suavemente de um lado para o outro; como se dedos gélidos e suaves acariciassem seu rosto no melhor dos carinhos.

Fechou os olhos e jogou a cabeça para trás. As íris de um vermelho mais profundo que o céu encararam os primeiros raios de Sol. Inspirou fundo e seguiu em frente desviando das pessoas até chegar a Lin.

O arcadium estava pálido, seus olhos fechados e as feições em sua face preenchidas por uma felicidade que beirava a insanidade. O magnetismo e o laço que os ligava impôs em Rhyon uma obrigação que beirava ao instinto; ao menos, era no que ele acreditava.

Com um cuidado atípico, Rhyon envolveu Lin em seus braços; como se a qualquer movimento descuidado o mago pudesse se quebrar. Uma irritação crescente acelerou a pulsação de seu coração, o sangue gradativamente esquentando. Queria levá-lo dali, mas sabia que o mais sensato seria permitir que alguém mais capacitado o ajudasse.

— Ótima maneira de dar as boas-vindas, diga-se de passagem. — resmungou sozinho como um velho mal-humorado, embora aquilo fosse realmente um elogio. — Procure por ajuda. — sussurrou para Náutica numa súplica, mesmo sabendo que ela provavelmente o ignoraria.

Olhou em volta, sem saber ao certo como auxiliar Lin. Encarou Devon num pedido mudo, mas o outro parecia tão mal ou pior quanto o garoto à sua frente. Então, seus olhos encontraram os de Keenan e num murmúrio pediu por ajuda.

Náutica:

A pequena fada puxava o tecido esfarrapado, a feição tão preocupada que beirava a lágrimas."Mestre? Mestre! Por favor responda..."

Puxou mais uma vez antes de tomar uma postura defensiva quando ele veio até seu mestre.

"Você...."

Náutica começou num tom baixo, mas ao ver como seu mestre foi envolvido no abraço protetor de Rhyon, ela relaxou, flutuando ao seu lado.

"Há uma equipe de resgate mais ao longe."

Respondeu-lhe antes de sair a procura de ajuda, indo pro rapaz que seu mestre ajudará mais cedo (Keenan), seu tempo ali era pouco e saber que tinha alguém para cuidar de Lin a deixava feliz.

Kelvin: 

O cheio de sangue era o principal estímulo, o vínculo vital, magia como chamavam, o vampiro conhecia bem seus efeitos já que se alimentava disso também... a intrusão dos pensamentos e sentimentos alheios foi a parte mais desconfortavel daquele processo. Não soube calcular quanto tempo durou, ao voltar a si se levantou notando que no centro os dois "herois" estavam abatidos.

Agiu antes de certificar quem mais poderia ter sido vítima daquele violação sobrenatural. 


-- Inaba está na escuta? Venha o mais rápido que puder ... -- 


O Ruivo parecia o mais ferido, já que ainda podia ouvir as batidas do coração do outro. 

Como primeira medida, tentou estancar o sangue do mesmo antes de qualquer outra coisa.

Inaba Hiroshi:

Não devia ser nada fácil ser um vampiro, Adrian parecia receoso, gritando com todos para manterem longe. Porém não podia recuar! Suspirei fundo e com as pastilhas em mãos avancei, conseguindo com dificuldade fazer o vampiro engolir. Suspirando aliviando ao ver que tinha funcionando, dei um sorriso mais relaxado com alguns tapinhas em seu ombro, ele não parecia machucado portanto só acompanhou até a equipe de resgate.

Depois disso um clarão forte o suficiente pra iluminar a enseada veio e segundos depois aquele mostro assustador se foi, sumiu, como poeira no ar.

.... Tinha acabado? Inaba suspirou aliviado, não acreditando no que seus olhos viam, um alívio tomou seu corpo e o lobo quase se deixou sentar mas areias da praia, até que o rádio que havia ganhando da equipe de resgate fez um chiado e em seguida ouviu a voz de Kelvin, o chamando-o.

- Estou a caminho!

O lobo se pôs a correr, pedindo a Adrian que se estivesse em condições ajudasse a locomover os feridos. Corri o mais rápido que pude até o grupo do círculo, tinha mais gente... Reconheceu Helena, Leon, Yriad, Izumi. Tinha uns calouros também, até que viu Kelvin, perto de seu ruivinho, desmaiando e com um corte nos pulsos.

Foi aí que Inaba parou de pensar e sua respiração falhou, sem perguntar nada se aproximou sentindo suas mãos trêmulas ao puxar o kit de primeiros socorros. - Ele tá....?

Não quis terminar a frase até Kelvin me confirmar que estava vivo, mas muito fraco, foi aí que o lobo conseguiu respirar direito, sentindo algumas lágrimas salpicar sua face, ajudou Kelvin a fazer o curativo e então o abraçou com todo cuidado que tinha.

- Eu pedi que ajudasse... Não que colocasse sua vida em risco. - Murmurou fungando baixinho - A ambulância já tá vindo.

Olhei em volta procurando mais machucados, depois vi que todos só pareciam muitos cansados e uma criança com a mão em volta de um pano sangrando. - Kelvin, pode cuidar da criança?

Inaba suspeitava que não conseguiria sair do lado de Devon no momento. E então se virou pro moreno de olhos vermelhos (Rhyon), ele segurava um outro rapaz em seus braços. - Já tem alguns carros chegando na onde a equipe de resgate está, se quiser levá-lo

Instruí, preferindo esperar uma maca chegar ali para mover Devon, a primeira analisa induzia que não morreria.

Rhyon

Não esperou por uma resposta. Acostumado a não receber ajuda, Rhyon decidiu se virar sozinho como sempre fez. Um garoto ruivo estava ao lado de Devon e lhe murmurou alguma coisa inaudível; precisou de leitura labial para entender parcialmente o que ele dizia. Depois de um segundo, Rhyon xingou o ar e levantou Lin desmaiado em seus braços.

Voltou sua atenção para o corpo em seu colo. Por um momento, quis socar a cara dele. Dava para notar que ele tentava não parecer irritado, mas a ausência do sorriso costumeiro e a expressão séria transpareciam sua indignação. Ele estava fazendo o máximo que podia para parecer um bom sujeito, e isso incluía fazer o papel de garoto preocupado. Franzindo a testa, ele se perguntou se aquilo tudo era realmente necessário. Que diferença faria se ele caísse fora daquele lugar?

Olhou fixamente para Lin. Lutando contra um inimigo invisível; uma força que, após tantos anos, ele já não reconhecia mais. Sua paciência explodiu. Desistindo de tentar pensar ou compreender a situação, simplesmente jogou o arcadium em cima de um dos ombros e decidiu dar o fora dali. Com ajuda ou sem ajuda, com resgate ou sem resgate... Ia jogar o pirralho na enfermaria e pensar numa solução mais tarde.

MDT

Rhyon

A noite tinha sido um pouco demais, mesmo para ele. Rhyon tinha uma dor de cabeça miserável e estava caindo de sono. Errou a enfermaria umas duas vezes e já estava com vontade de ir empurrando Lin com o pé quando avistou a plaquinha informativa.

Bateu na porta, como era costume, e, não obtendo nenhuma resposta, empurrou a maçaneta e entrou.

— Olá?

Chamou por ninguém em específico. Com passos lentos e um olhar irritadiço caminhou até um leito vazio. Deixou que Lin deslizasse por seu ombro e o deitou na maca. Lavou as mãos e o rosto, pegou uma poltrona próxima à cama do arcadium e aguardou enquanto algum responsável o tratasse. "Será que está tudo bem se eu simplesmente deixá-lo aqui?".

Náutica:

A pequena criatura flutuava, todos ali pareciam tão exaustos... Mas sua missão era mais importante! As mãozinhas cobertas por uma luva preta estavam quase pegando o seu radinho de comunicação quando viu Rhyon levantar com seu mestre.

"Na onde está indo? A ajuda não chegou!"

Exclamou preocupada, ficando desconfortável com o expressão irritada do moreno, mas ficando estupefata logo depois ao ver o modo como seu mestre foi tratado logo em seguida, jogado igual a um saco de batatas.

Náutica voou até perto de Rhyon, cruzando os bracinhos e batendo as perninhas no ar.

"Meu senhor, por favor seja mais delicado com meu mestre!"

A fadinha flutuando em volta de Rhyon reclama só pra então levar um peteleco em troca.

...

......

A fadinha parou por alguns segundos, botando uma de suas mãozinhas a testa, esfregando a área levemente vermelha. A mesma fazia uma carinha choro.

"Eu vou contar pro meu mestre!"

Segredou em sua mente seguindo Rhyon em silêncio.

Náutica:


A pequena criatura flutuava seguindo Rhyon, desconfiada que algo pudesse acontecer ao seu mestre caso desviasse o olhar, observando bem os arredores, não demorou para que a paisagem mudasse... Ficando mais leve ao apresentar novas cores, um lugar amplo.

Náutica apontou para uma instalação mais ao longe, a provável enfermagem devia ser ali. Ficou observando como aquele local era branco e o cheiro de remédios chegavam ao seu olfato.

Rhyon deixou seu mestre deitado em um dos lados e saiu por uns instantes, voltando apenas para pegar uma poltrona e se sentar ao seu lado. A fada olhou pros lados, seu tempo estava acabando, decidindo fazer uma última coisa náutica saiu procurando alguém.

O que não demorou, já que a moça que viu gritou ao vê-la o que a assustou também.

"AAHHH! C-calma! Por favor, eu só tô buscando ajuda pro mestre!"

A criatura balançou os bracinhos apontando pros leitos. A enfermeira desconfiada seguiu Náutica, estonteada pela vista que tinha.

"Voltei!"

Exclamou alegremente ao deixar a enfermeira passar.

E: Céus!

A enfermeira se aproximou rapidamente, apenas pra fazer o diagnóstico preliminar.

E: Qual o nome do paciente?

"Mestre"

E: ....?

"Mestre é o Mestre."

E então a enfermeira olhou para Rhyon, procurando uma ajuda.

E:O senhor saberia o nome dele?

R: Lin.

Foi a única resposta que a enfermeira recebeu, que olhou por alguns segundos antes de suspirar, saindo pra pegar luvas, equipamentos, uma camisola de hospital e uma ficha. Quando retornou, ela escreveu na mesma.

E: Vocês saberiam se o paciente teria algum alergia a algum remédio específico?

Por um momento náutica encarou Rhyon em expectativa.

R: Acho... Que Anafilaxia.

Respondeu, dando de ombros logo em seguida. Voltando a fechar os olhos, cansando demais, a enfermeira não o incomodou após anotar na ficha.

Náutica por sua vez apenas fez uma pausa ao sussurrar pra Rhyon.

"Senhor, cuide do mestre."

Sua energia pra ficar ali já tinha se esgotado e aos poucos foi sumindo até desaparecer de vez.

Por fim, a enfermeira balançou a cabeça. Era cada coisa que acontecia ali, mas apenas fez o seu dever, começou a retirar a roupa de Lin, para poder limpar sua ferida no ombro, a enfaixado, para então começar a limpar os resquícios de sangue e areia, pondo a roupa de ala médica, pondo o soro para correr na veia de Lin.

Antes de sair, a enfermeira trouxe uma mantinha para visitantes para cobrir Rhyon.