Arquivo de Interação

Andei todo o percurso até onde a aula seria realizada. Acontece que havia me focado demais em outras questões e acabei me atrasando. Quando cheguei, um grupo já estava presente e conversava. Diferentes timbres de vozes e cheiros ocupavam o espaço, comecei a farejar os odores e reconhecer alguns, mas outros tenho certeza de que nunca senti na vida. Alunos novos? É o que parecia.

Leon e o outro novato haviam chegado primeiro e fiquei um pouco envergonhado pelo pequeno atraso. Por outro lado, acho que ainda faltava mais algumas pessoas. Não vou negar, havia estado um pouco aéreo, mas me aproximei ao garoto de antes, por trás, ele parecia estar perto de outra pessoa, mesmo que ela estivesse um pouco atrás dele. Tapei seus olhos rapidamente.

— Adivinha quem é! — ri e afastei as mãos do rosto dele, então comecei a prestar atenção na pessoa que o acompanhava, notando a diferença corporal, era difernte, só não sabia dizer como — Que legal — murmurei, agora alternando o olhar entre ambos — Vocês são amigos? Me chamo Silver, e vocês?

O vampirinho estava apressado, Saybin estava chato e seu irmão não queria colaborar. Pelo horário, haviam pedido a introdução (e pelo visto, haviam mesmo). O mais novo insistiu de todos os jeitos que não iria comparecer, mas ele não desistiu e trouxe o irritadiço da forma que pôde. Nem conseguiu dar de beber a si mesmo e à serpente e muito menos fazer o outro sentar e comer um pouco, já que cismava que voltaria para o quarto e dormiria de novo. Mais tarde, daria um jeito na reposição de sangue, entretanto, seu principal foco no momento era a aula.

— Yuu, por favor, não complique as coisas! — exclamou, empurrando o esverdeado.

— Eu não quero ir, já disse! — ele retrucou, tentando se desvencilhar dos braços do Fledermaus.

— E eu quero que você vá!

Achava muita sorte a próxima aula ter sido no local da anterior. Dessa forma, ficava mais fácil chegar sem rodeios e Yuu provavelmente não resistiria mais. Saybin estava enrolado entre sua nuca e seu braço direito, escorregando para o peitoral. Também não parecia interessado no compromisso atual. Havia ficado ansioso para reencontrar Tedh depois de saber que o loiro foi para a excursão, não se importava com nenhum boato ocasional. Esperava que pudesse revê-lo.

Como o Golmer não estava mais resistindo, Mikaela passou a mirar os alunos que já estavam por ali. Então seus olhos pousaram sobre a pessoa que iria gerir a aula. O vampiro mirim correu e abraçou a figura mais alta quase que instantaneamente.

— Você é o doidinho do campo minado, não é? — perguntou divertido com o rosto virado na direação deste enquanto os braços ainda lhe rodeavam — O que vamos fazer hoje? Vai ser algo mirabolante também? — então permitiu que o contato fosse desfeito para não atrapalhá-lo.

[Ótimo dia! Ótimas oportunidades Aproveite a experiência!] a voz ressoou nas paredes de sua consciência e o menino bufou "Que positivismo todo é esse? Vocês só podem estar de brincadeira..."

Admitia, seu coração estava finalmente em paz por ter reencontrado o irmão que tanto procurava, todavia, não esperava ser arrastado para as atividades tão "cedo". Tinha planos de se manter descansando, uma aula perdida não faria diferença, certo? Além do mais, não tinha ideia de como se integrar com os demais.

[Está tão bravinho, como sempre, Yuuichirou-sama!] ok, ele jurava que esganaria os dois ali mesmo. Só não o fazia porque um era seu queridinho e outra era... intocável?

De qualquer forma, aquilo não estava resolvendo. O amarelinho tentava a todo custo levá-lo até a aula. Com empurrões, puxões e até cócegas. Tentou segurar seus braços para que se debatesse menos, sem sucesso. Apesar do espadachim muito protestar, a determinação do vampiro estava sendo, até então, razoável, visto que em nenhum momento deixou que este escapasse e voltasse a para o conforto das cobertas — ele já dormiu demais!

— Não estou a fim!

— Mas você precisa!

— Me solte!

Por fim, Yuu acabou se rendendo ao desejo do irmão. Já haviam chegado até ali, mesmo. Cruzou os braços e se afastou o suficiente do pessoal para que pudesse estar sozinho.